Planeta Vulcano encontrado em 2018 não existe; entenda a confusão

Um planeta foi descoberto em 2018 e despertou a atenção dos fãs de Star Trek, isso porque ele estava orbitando uma estrela chamada 40 Eridani A ou “Keid”, o mesmo nome do sistema estelar de onde veio um dos protagonistas da série, Spock. No entanto, agora, astrônomos descobriram que o exoplaneta apelidado de Vulcano, na verdade, é uma ilusão causada pela estrela nervosa.

A estrela Keid faz parte de um sistema estelar triplo localizado a cerca de 16,3 anos-luz de distância da Terra e agora cientistas liderados pela astrônoma Abigail Burrows descobriram que suas oscilações não são resultados da influência gravitacional de um planeta e sim de pulsos e tremores da própria estrela.

O planeta Vulcano, ou como foi oficialmente chamado HD 26965 b, foi encontrado a partir do método de velocidade radial que detecta pequenas oscilações na luz da estrela à medida que um planeta a órbita e a puxa gravitacionalmente.

Na série Star Trek, Vulcano é o planeta natal de Spock.

Quando o planeta puxa a estrela para longe da Terra, seu comprimento de luz é esticado, movendo-se para a extremidade vermelha. Quando o contrário acontece, o comprimento de luz é desviado para a azul.

Esse método é melhor para detectar planetas com massa superior a de Júpiter, porque esses exercem uma força gravitacional maior sobre suas estrelas, gerando oscilações de luz muito mais evidentes. Quando o suposto Vulcano foi descoberto, estimou-se que ele possuía cerca de 8 vezes a massa da Terra e que tivesse uma órbita com duração de cerca de 42 dias.

Já na época em que foi descoberto foi levantada a hipótese de que o exoplaneta poderia ser um erro de detecção. Em 2023 outras dúvidas sobre sua existência foram lançadas, e agora, na pesquisa publicada no The Astronomical Journal, as altas medições de velocidade radial do instrumento NEID da NASA, localizado no Observatório Nacional de Kitt Peak, revelaram que essas hipóteses eram reais. Vulcano não existe.

O NEID separou os comprimentos de onda do sinal do suposto exoplaneta, representando as várias camadas na estrutura da fotosfera de Keid. Em relação ao total de comprimento de ondas combinado, a equipe detectou diferenças significativas nos comprimentos de ondas individuais.

Isso revelou que as oscilações da luz da estrela é resultado de algo tremeluzindo em sua superfície a cada 42 dias. Esse efeito pode estar sendo desencadeado por plasma quente e frio que sobem e descem na zona de convecção de Keid.

Mesmo que descartar a existência de Vulcano possa ser decepcionante para os fãs de Star Trek, a descoberta é uma boa notícia para os astrônomos. Isso porque o NEID mostrou que suas medições de velocidade radial podem separar e distinguir sinais planetários das oscilações naturais das estrelas.

Mateus Dias

Credito: Dotted Yeti/Shutterstock.com