Mergulhadores precisam se comunicar debaixo d’água e a situação pode ficar complicada em alguns casos. Imagine se avistarem um tubarão, mas não puderem fazer movimentos bruscos. Ou caso a água esteja turva e eles não tiverem contato visual entre si.
Uma nova pesquisa vai criar uma luva eletrônica para ajudar nessa comunicação.
Luvas deste tipo já vem sendo desenvolvidas para diversas finalidades, como recuperar movimentos de pacientes de uma lesão ou interagir em ambientes de realidade virtual. O grande desafio no caso dos mergulhadores é torná-las à prova d’água, sem perder o conforto de usá-las (afinal, os usuários precisarão nadar vestindo-as).
Então, um grupo de pesquisadores se dedicou à criação dessas luvas capazes de detectar movimento das mãos mesmo submersos na água.
Como as luvas foram feitas
Eles começaram fabricando sensores à prova d’água, que dependem de pilares microscópicos invisíveis inspirados no formato de estrelas do mar;
Depois, eles criaram um conjunto de micropilares em uma película fina de polidimetilsiloxano (PDMS), um plástico à prova d’água normalmente usado em lentes de contato;
Depois de revestir o plástico com uma camada condutora de prata, eles posicionaram os pilares voltados para dentro da luva, criando um sensor à prova d’água;
Quando flexionado, esse sensor, do tamanho de uma entrada USB-C, detecta diferentes níveis de pressões, desde o toque de uma cédula de dinheiro até o jato de uma mangueira;
Os sensores, então, foram embalados em adesivos e costurados sobre cada um dos dedos da luva.
Demonstração dos sinais dos gestos embaixo d’água (Imagem: ACS Nano 2024/Reprodução)
Como a luva para mergulhadores foi testada
Depois da construção, veio o treinamento.
Participantes dos testes vestiram a luva eletrônica e fizeram 16 gestos manuais diferentes, como “ok” e “sair”. A intenção era criar um vocabulário, associando os gestos ao significado.
Então, os pesquisadores usaram IA para traduzir os gestos captados pelos sensores em palavras e transformá-los em mensagens. Segundo o TechXplore, durante o teste, a luva eletrônica teve 99,8% de eficiência embaixo da água.
O experimento ainda é um protótipo, mas a esperança é que possa ajudar mergulhadores a se comunicar com mais precisão no mar, mesmo quando não tiverem contato visual.
Vitoria Lopes Gomez
(Imagem: ACS Nano 2024/Reprodução