Um homem português é acusado de enganar vários brasileiros vendendo passagens mais baratas. Os casos aconteciam desde o ano passado, mas a denúncia foi feita às autoridades apenas no mês passado. O golpe era feito por Helmar Fernando Correia, que se passava como piloto da companhia aérea portuguesa, a TAP Air Portugal.
Na realidade, Helmar era um ex-funcionário da Ground Force, a principal prestadora de serviços (handling) para as companhias aéreas em Lisboa, e tinha obtido crachás da TAP para conseguir acesso à área restrita do aeroporto.
Com uniforme e credenciais em mãos, ele entrou em contato com algumas influencers brasileiras que moram em Portugal e restante da Europa, e que transitavam pelo Aeroporto de Portela, oferecendo passagens aéreas mais em conta, como fossem passagens de benefícios, que são restritas aos funcionários e familiares próximos.
Dentre uma das influencers estava a Iara Alves, que é agente de viagens, e após emitir alguns bilhetes com Helmar e ter voado sem problemas, começou a revender passagens. Outras influenciadoras, como Ana Clara Mota, também divulgaram esta promoção, como mostra uma reportagem da tv portuguesa SIC Notícias.
Vários brasileiros que moram em Portugal chegaram a comprar a passagem através desta agência de Iara, assim como diretamente com Helmar. Muitas das vezes, os bilhetes com destino ao Brasil eram vendidos pelo golpista por €600 euros (R$ 3.600), enquanto em média custavam mais de € 1.000 euros (R$ 6.000) por serem comprados com pouca antecedência.
Além de bilhetes falsos, Helmar criava reservas, enviava o comprovante para os passageiros, mas não pagava, e a reserva era cancelada no sistema da TAP.
Com isto, alguns passageiros não conseguiram embarcar, inclusive uma brasileira que tinha comprado passagens para seus filhos irem ao Brasil para passar as férias de verão, e no regresso a Lisboa foi descoberto que o bilhete não existia, sendo que foi emitido apenas a ida.
Alguns brasileiros chegaram a ter € 30 mil euros (R$ 140 mil) de prejuízo, e quando cobraram Helmar, foram ameaçadas. Durante a entrevista para a SIC Notícias, o acusado negou as acusações de que era golpista e de que teria se passado por piloto, apesar de farta evidência fotográfica.
Helmar também afirmou ter feito curso de piloto e ter trabalhado como tripulante de cabine (comissário), mas isto nunca ocorreu, segundo pessoas da ANAC portuguesa afirmaram ao jornal português. Apesar de todo o ocorrido, ele afirma que não ter tido intenção de lucro e apenas ter intermediado a venda de passagens que conseguia de maneira legítima pela internet, e prometeu reembolsar a todos.
Diante da situação, tanto a TAP como a Ground Force afirmaram que denunciaram Helmar à polícia, que já abriu uma investigação sobre o caso, mas que ainda não resultou em prisões ou ressarcimento à vista.
Nota do Editor: Assim como a fraude causada pela 123 Milhas, que prometia passagens a R$ 1.000 de São Paulo para Los Angeles com data aberta, os golpes envolvendo passagens aéreas se apresentam de várias formas. A aviação comercial é um dos setores mais capitalistas do mundo, e por nenhum motivo existe venda “secreta” de bilhetes com preço baixo, a não ser que seja diretamente na própria companhia, sem intermediários. O alerta é sempre válido e sempre se questione: o que essa pessoa ganha vendendo um bilhete mais barato?
Por
Carlos Martins