Nesta semana, no que ele mesmo chamou de o “Dia da Libertação”, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou sobretaxas recíprocas a produtos importados de todas as nações com barreiras consideradas desproporcionais. Esse movimento do republicano pode ser considerado uma virada na política comercial americana, que deve afetar os rumos da economia global e elevar a incerteza no mercado financeiro.
esta semana, no que ele mesmo chamou de o “Dia da Libertação”, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou sobretaxas recíprocas a produtos importados de todas as nações com barreiras consideradas desproporcionais. Esse movimento do republicano pode ser considerado uma virada na política comercial americana, que deve afetar os rumos da economia global e elevar a incerteza no mercado financeiro.
A nova rodada do pacote de tarifas impactou produtos de 185 países importados pelos norte-americanos. Enquanto um grupo de 60 nações vai amargar taxas mais altas, o Brasil ficou entre os menos afetados, com a alíquota de 10% — percentual mínimo estabelecido. Outra tarifa imposta, de 25%, atingiu automóveis e autopeças fabricados fora dos Estados Unidos e não se acumula com as tarifas recíprocas. A mesma dinâmica ocorre com o aço e o alumínio, que também já haviam sido taxados em 25%.
Até o momento, do lado brasileiro, a ordem é continuar apostando no diálogo e na negociação. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, criticou as tarifas recíprocas anunciadas pelos Estados Unidos, que considerou injustas. “Mesmo o Brasil ficando com a menor tarifa, ela é ruim. Ninguém ganha numa guerra tarifária, perde o conjunto”, avaliou. Nos bastidores, há a avaliação de que a tarifa destinada ao Brasil já é resultado dessa estratégia mais moderada.
Alckmin ainda reforçou que não pretende utilizar, por enquanto, o Projeto de Lei 2088/2023, aprovado pelo Congresso Nacional durante a semana. A proposta permite ao Executivo adotar contramedidas em relação a países ou blocos econômicos que criarem medidas de restrição às exportações brasileiras, podendo ser de natureza comercial (sobretaxas) ou de origem do produto (como de área desmatada, por exemplo). De acordo com o texto, o Brasil poderá adotar taxas maiores sobre importações vindas dos Estados Unidos ou de blocos comerciais, ou suspender concessões comerciais e de investimento.
Apesar de o projeto conceder ferramentas para entrar na guerra tarifária, ele também prevê a busca de acordos por meio da negociação diplomática. Consultas diplomáticas devem ser realizadas com o intuito de diminuir ou anular os efeitos das medidas de outros países e das contramedidas brasileiras. Isso faz parte do planejamento brasileiro: atuar em duas frentes — mandar sinais públicos de que há meios de retaliação, ao mesmo tempo em que avalia o real impacto dos tarifaços para mapear oportunidades e estabelecer contatos bilaterais.
- Para o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, as medidas do governo Trump podem acelerar o processo de acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE). “Eu acho que o Brasil não tem que focar em qual vantagem a gente vai tirar disso. Até porque o presidente Lula é do multilateralismo, propõe acordos. Mas é óbvio que, qualquer analista vai ver: se os Estados Unidos conseguirem implementar essas medidas, pode ter como consequência, por exemplo, acelerar o processo do acordo Mercosul-União Europeia”.
CHINA
No restante do mundo, dezenas de parceiros comerciais, entre eles a União Europeia e a China, foram considerados os piores infratores, sendo taxados com tarifas mais altas. A mais prejudicada, a China — que terá o total de 54% de tarifa — já anunciou retaliação, escalando um degrau a mais na guerra comercial. O país anunciou uma tarifa adicional de 34% sobre as importações dos Estados Unidos, a partir de 10 de abril. Outra determinação foi o anúncio de controles às exportações enviadas aos EUA de terras raras e pesadas.
IMPACTO NA BOLSA
O mercado financeiro mundial amarga uma grande queda das bolsas pelo segundo dia consecutivo, em reação ao acirramento da guerra comercial. Nesta sexta-feira, 4, no Brasil, o dólar opera em alta forte, de mais de 2%, e chegou a superar R$ 5,80. Na Ásia, os pregões fecharam em queda pelo segundo dia consecutivo.
Do Boletim Esfera