Rompimento do Pastor Lourival Pereira com a Igreja do Evangelho Quadrangular é história antiga de conflitos e enfrentamentos internos

A atual situação de afastamento do Pastor Lourival Pereira da Igreja do Evangelho Quadrangular no Brasil não é algo recente, mas remonta a uma longa trajetória de conflitos e disputas internas, especialmente no âmbito do Estado do Pará. Há mais de uma década, Lourival Pereira protagonizou um dos momentos mais tensos da história da denominação no Estado, ao tentar disputar a presidência estadual da igreja contra o pastor Josué Bengtson, atual líder da IEQ no Pará. Essa tentativa de assumir a liderança estadual gerou divisões e expôs um racha interno, envolvendo até mesmo aliados políticos.

Embora fontes apontem que Lourival Pereira teria pedido perdão a Josué Bengtson após esses enfrentamentos, suas ações posteriores indicam o contrário. Durante anos, Lourival teria trabalhado nos bastidores para construir um grupo de apoio, envolvendo pastores, superintendentes, empresários e políticos, com o objetivo de fortalecer sua base e, assim, voltar a disputar o comando da denominação no Pará.

Essa estratégia sofreu um duro golpe com a mudança no estatuto social da Igreja do Evangelho Quadrangular em 2021-2022. A alteração, aprovada por unanimidade durante a convenção nacional realizada em São Paulo, eliminou a necessidade de eleições estaduais para o cargo de presidente, transferindo a prerrogativa de nomeação ao Conselho Nacional. Com essa mudança, o sucessor natural de Josué Bengtson seria seu filho, o Pastor Paulo Bengtson, um nome rejeitado pelo grupo liderado por Lourival Pereira.

O rompimento tornou-se ainda mais evidente durante a campanha de Paulo Bengtson ao cargo de deputado federal. Lourival Pereira não apenas deixou de apoiar o candidato indicado pela denominação, mas também direcionou seus esforços a outro postulante, minando a unidade da igreja na esfera política. Essa postura autônoma tem sido recorrente, com Lourival frequentemente contrariando as indicações políticas da liderança estadual.

Mas, os problemas não se restringem ao campo político. Recentemente, o pastor Lourival tem sido alvo de críticas por sua postura administrativa. Acusações de omissão na prestação de contas, crescimento patrimonial desproporcional e possíveis irregularidades financeiras começaram a surgir, culminando em denúncias de que ele estaria sendo investigado pelo Ministério Público por lavagem de dinheiro e sonegação fiscal.

Esses fatos culminaram em um rompimento definitivo entre Lourival Pereira e a Igreja do Evangelho Quadrangular, marcado pela separação da igreja do Guamá, que ele liderava, e por uma crescente oposição à denominação nacional. O cenário, que se desenha há anos, agora ganha contornos de uma disputa aberta e que chama a atenção das autoridades eclesiásticas, civis e políticas do Pará.

Diante dessas circunstâncias, é imprescindível que as lideranças da Igreja do Evangelho Quadrangular e as autoridades competentes acompanhem de perto os desdobramentos, buscando a verdade e a manutenção da integridade da denominação. O rompimento de Lourival Pereira é apenas um capítulo de uma história que, ao longo dos anos, vem revelando tensões que ultrapassam o campo espiritual e entram na esfera política, administrativa e judicial.

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