O ano de 2024 foi marcado por grandes avanços e realizações da Secretaria Executiva do Ministério do Turismo, sob a liderança de Ana Carla Lopes. De iniciativas inovadoras para promover sustentabilidade e transformação digital, passando pelo fortalecimento de parcerias internacionais, a valorização de manifestações culturais e medidas que fomentam a inclusão e a segurança no setor, a secretária do MTur desempenhou um papel central na construção de um turismo mais moderno e diverso no Brasil.
Em entrevista exclusiva à Agência de Notícias do Turismo, a secretária Ana Carla Lopes compartilha os principais destaques que consolidaram o segmento como uma força transformadora do país ao longo de 2024. Confira!
1) Secretária, o plano de atividades para a COP 30 foi aprovado neste ano, e a Secretaria Executiva criou e liderou o Grupo de Trabalho da COP 30. Como foram os trabalhos do GT neste ano e o que esperar em 2025?
O GT da COP 30 é presidido pela Secretaria Executiva, mas envolve todas as áreas do Ministério, que abordam a formalização de novos prestadores de serviços turísticos; envolve fiscalização, já que não adianta só cadastrar, a gente tem que atuar na conscientização do porquê é interessante e por que é dever se cadastrar, que isso também permite participar de programas do governo federal e ter acesso a crédito. Inclusive, esse ano a gente autorizou mais de R$ 100 milhões para a COP 30 por meio do Fungetur. Também envolve a questão dos produtos, das experiências turísticas que a gente vai oferecer durante a COP.
Neste ano, a gente convidou a Embratur para fazer parte desse trabalho. Então, temos toda uma abordagem também voltada ao internacional, abrangendo a forma de divulgação, o que a gente precisa ter para receber as pessoas, que serão mais de 50 mil. Infraestrutura, conectividade aérea, tudo está sendo discutido e integra um plano de trabalho que acontece todo dia, a toda hora.
Para o ano que vem, a ideia é que a gente traga mais pessoas para esse GT, mais órgãos e entidades convidados. Por exemplo: a gente atua muito na qualificação, por meio da Escola de Turismo, lançada esse ano em Belém (PA), mas também de uma forma que já acontecia no Ministério, por meio do Qualifica Turismo. A gente quer convidar, nessa parte da qualificação, o SESC e o Senac, que irão trazer as abordagens deles de inovação, do que está sendo proposto para a COP e, com certeza, será uma excelente contribuição. Enfim, é um GT multisetorial que a gente ter mais forte ainda em 2025 por ser o ano da COP.
2) Neste ano, a Secretaria também foi bastante atuante no Mapa Estratégico e no Plano Estratégico Institucional (PEI) 2024-2027 do MTur. De que forma ocorreu esse trabalho?
Foi um ano muito importante para o Ministério do Turismo. Nós trabalhamos em normas e ações que envolvem o plano de trabalho do Plano Nacional de Turismo, aprovado junto ao CNT (Conselho Nacional de Turismo) e que já é um decreto presidencial. E, claro, não poderia ficar de fora o mapeamento estratégico do MTur, porque a gente tem que saber os nossos valores, os nossos objetivos, a nossa missão, para onde a gente quer ir e aonde queremos chegar.
O Mapa Estratégico não é uma folhinha grudada na sala de cada um. Para fazer aquilo acontecer, foram várias reuniões, debates, encontros em grupo, muito trabalho envolvendo todos os setores, além, claro, do engajamento da alta gestão. Mas, graças a essa atuação e à participação de tantos setores, foi possível desenvolver o PEI, que estará em vigor até 2027.
3) Esse ano, o MTur promoveu o G20 Turismo, que culminou na Carta de Belém (PA). Como foi organizar e participar de um evento desta importância?
Para o G20, a gente também criou um Grupo de Trabalho presidido pela Secretaria Executiva. Trabalhamos a logística do evento, onde os participantes ficariam, como receberíamos delegações tão diferentes, e o ministro Celso Sabino convidou também muitos participantes. Não só o G20, foram 44 delegações no total participando das discussões e da Declaração de Belém.
Nesse G20, a gente abordou vários temas. A questão da qualificação, do turismo sustentável, e cada delegação tem o seu detalhe. Porque alguns países têm deslizamentos de terra, outros sofreram com a seca, e a gente abordou tudo isso no G20. Também abordamos o acesso a fundos, sejam públicos ou privados. Então, tudo isso, quando a gente olha para trás, foi muito grandioso.
Esse G20 causou um impacto global, aqui estiveram mais de 75% do PIB do mundo. Então, é um impacto que a gente não consegue mensurar hoje, mas que vai ficar para a história. Ainda mais tendo acontecido na Amazônia pela primeira vez. Para presidirmos o G20 novamente vai demorar 20 anos, e até lá a gente ainda vai colher frutos desse G20 no Brasil.
Foi muito emocionante para mim, que sou paraense. Nunca pensei que fosse receber tanta gente na minha casa, em Belém do Pará, e conduzindo reuniões tão importantes para o mundo. Estamos todos muito orgulhosos.
4) A Lei Geral do Turismo teve avanços significativos este ano. Quais pontos dessa legislação você destacaria como mais transformadores para o setor?
A Lei Geral do Turismo foi um avanço histórico para o Ministério do Turismo, sim, de maneira direta, mas também para outras pastas. Quando a gente fala em melhoria da conectividade, da utilização de um Fundo Nacional de Aviação para apoio ao setor, por exemplo, estamos falando em melhorias para todo o país.
Eu gostaria de destacar o avanço da LGT na questão do produtor rural. Quando a gente chega na cidadezinha lá no interior do Pará, ou lá no interior do Rio Grande do Sul, quando a gente compra o queijo lá de Minas Gerais, a gente também está fomentando o turismo daquela região. Mas aquele pequeno empreendedor não fazia parte da cadeia do turismo formalmente, e agora faz.
Por meio da lei, que tramitava há mais de uma década no Congresso Nacional, a gente conseguiu essa aprovação. Claro que a gente precisa agradecer ao Congresso, mas a gente precisa, principalmente, privilegiar e engrandecer a produção das comunidades locais, que tanto fazem pelo turismo da sua região. Agora elas fazem parte de toda essa cadeia que antes estava invisível.
5) O reconhecimento de festas tradicionais, como o Arraial do Pavulagem e a Festa do Sairé, no Pará, foi um passo importante. Quais outros eventos regionais estiveram na pauta para valorização?
Esse ano as festas regionais foram muito enaltecidas, celebradas. Aqui a gente começa o ano com o Carnaval, e o Ministério do Turismo atuou fortemente no Carnaval de vários lugares do Brasil, nas festas de São João, as festas juninas. O Nordeste foi um grande receptor de recursos provenientes do Ministério do Turismo para suas festas regionais.
E quando a gente fala que está aportando fundos em uma festividade junina, por exemplo, a gente está aportando no segurança da festa, no porteiro, na vendedora de milho. Claro, também no artista local, no artista nacional. É toda uma cadeia produtiva que recebe este apoio.
Tivemos Parintins (AM), que recebeu o maior volume de recursos na história da festa e contou com a presença do ministro Celso Sabino. E é muito importante essa presença, porque é mais do que um repasse. Essa presença leva um monte de gente. Leva o Parlamento, leva autoridades do trade turístico para ver com seus próprios olhos aquele grande festejo, para conhecer a cultura do seu país.
A gente não pode deixar de enaltecer também os projetos de lei que viraram lei com a sanção presidencial, como o Sairé, o Arraial da Pavulagem, ambos no Norte do país. Foi muito significativo estar presente nessas sanções, porque, além de ser paraense, eu sou entusiasta da cultura do Pará.
Ano que vem tem muito mais, tem mais festejos que a gente precisa trazer para a pauta e para o calendário oficial do Ministério do Turismo, que agora é lei também, foi aprovado esse ano.
6) Tivemos também a Casa do Turismo no Círio de Nazaré. Qual foi a repercussão da Casa durante o Círio e como iniciativas semelhantes podem fortalecer o turismo religioso?
Pela segunda vez consecutiva, o Ministério do Turismo teve uma casa durante o Círio de Nazaré, a maior festividade mariana do mundo. Mais de 2 milhões de pessoas passaram por lá, paraenses e não paraenses, brasileiros e não brasileiros. E quando a gente fala em casa do turismo, a gente está falando em artistas locais e nacionais que estiveram lá, convidados. Autoridades que estiveram lá e puderam provar a culinária, ver o artesanato e ver essa tradição. E ano que vem tem de novo, a gente vai marcar presença.
Esse ano, a gente participou também do lançamento do Livro do Círio, que já existe há 16 anos e, pela primeira vez, conta com o apoio do governo federal. Então, isso é, mais uma vez, o Ministério do Turismo atuando na cultura, no turismo e no turismo religioso, já que o nosso país é um dos grandes fomentadores desse segmento. Então, a gente precisa, sim, continuar nesse rumo de apoiar festividades que impactam o turismo de forma tão grandiosa.
7) Este ano, o Ministério do Turismo fortaleceu sua parceria com o Ministério das Mulheres e a ONU Mulheres para abordar pautas contra a misoginia e a segurança das mulheres no turismo. Quais iniciativas foram desenvolvidas para promover um ambiente mais inclusivo e seguro no setor de turismo, especialmente para mulheres viajantes e profissionais?
Estamos finalizando o ano de 2024 com vários acordos de cooperação técnica. E quando a gente fala em cooperação técnica é mais que uma cooperação de técnicos, é uma cooperação de visão, construída junto. Então, é muito bom participar desses acordos e começar aqui pela Secretaria Executiva.
Tivemos esse ano também vários outros acordos, que envolveram o Ministério dos Povos Indígenas, a FUNAI, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e várias outras pastas. No caso do Ministério das Mulheres, nossa parceria começou lá no Carnaval, com o “Brasil sem Misoginia”, o “Carnaval sem Misoginia”. A gente levar essa campanha para 2025 é dizer que deu certo em 2024 e que precisa ainda de mais apoio. E vai ter mais apoio, mais gente participando e aderindo a esse movimento do “Brasil sem Misoginia”.
Outra parceria é no Feminicídio Zero, que o Ministério do Turismo agora é signatário, e com a ONU Mulheres, mais uma parceria também lançada esse ano, que vai trazer conscientização. Mas não só conscientização, vai trazer também ações de qualificação, a elaboração de cartilha para mulheres que viajam solo ou acompanhadas. E isso vai para além de 2025, vai continuar! E é por isso que a gente celebra esses acordos, para que a gente possa transformar isso em atos de Estado e fazer política pública, e não política de gestão.
Por Cacau Bispo/Mtur
Crédito: Roberto Castro