Depois de 16 meses de um trabalho minucioso de restauro e requalificação do prédio construído em 1911, os três mil metros quadrados do Mercado de são Brás recebem os cuidados finais para a devolução do patrimônio histórico para a população de Belém no próximo dia 13 de dezembro.
Com atenção especial na área interna, para a solução de problemas como infiltrações e goteiras, e na área externa, para garantir conforto aos usuários, o espaço ganhou estacionamento para 200 carros e escadas rolantes que dão mais acessibilidade, entre outros benefícios.
O novo Mercado de São Brás mantém o que já funcionava, com os 193 permissionários, e inclui novos serviços de lojas e restaurantes. A intenção é devolver ao local o glamour do início do século sem deixar de atender às necessidades da população. O investimento é de R$ 125 milhões, sendo R$ 85 milhões recursos do governo federal, por meio da Itaipu Binacional.
História
Fundado ainda no período áureo da borracha, o Mercado de São Brás integra o conjunto de prédios construídos por italianos que queriam modernizar a cidade e proporcionar à área o charme europeu tão valorizado pelos governantes da época. Antônio Lemos autorizou o arquiteto italiano Filinto Santoro a construir, com recursos próprios, o segundo Mercado Municipal da capital. O terreno foi estrategicamente escolhido, no fim da linha férrea que unia Belém a Bragança e transportava, pela via ferroviária, artigos das cidades da região do salgado.
Mas a construção não seria apenas para atender consumidores, precisava ser um marco daquele período histórico que Belém vivia, considerada uma das principais capitais do país no auge da economia. Dessa forma, o prédio foi construído em estilo Art nouveau e neoclássico, com características como pisos de mármore e telhado inglês.
Todas as informações do prédio estão no documentário “São Braz, o Complexo da História”, da jornalista e radialista Rosana Rodrigues. A produção de 2006, poucos anos antes do centenário do mercado, foi gravada para preservar a história. Na época, a administração planejava transformar o espaço em teatro e os permissionários temiam perder o local de trabalho.
“O mercado já sofreu muitos revezes em cem anos, em 2006, o prefeito da época queria transformar o prédio em teatro municipal e os permissionários estavam lutando para evitar essa perda. Fizemos o documentário com medo do que o futuro poderia reservar a essa parte importante da nossa história”, conta a jornalista.
Para Rosana Rodrigues, ver o trabalho de resgate do prédio realizado hoje é indescritível. “Ver a restauração, saber que aqueles que lutam e lutaram pelo funcionamento do Mercado de São Brás, como Mercado, voltaram para trabalhar num local totalmente reformado e com garantias de usufruir do prédio, retornando ao seu glamour, é indescritível, é muita emoção”, relata.
Com a requalificação, o complexo ganhará espaços turísticos, gastronômicos e culturais, e um estacionamento subterrâneo para cerca de 200 carros, mantendo os permissionários, além de melhorias no entorno como pavimentação, drenagem e iluminação em LED.
A inauguração do novo Mercado de São Brás resgata a importância do espaço para a história, economia e lazer da população em Belém. Graças ao trabalho minucioso dos engenheiros e restauradores durante a obra, a cidade recupera um patrimônio que se tornou parte da cultura, da alma e do imaginário coletivo.
Texto:
Márcia Lima
Foto: Talita Santos/ Ascom Seurb