Lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza gera reação da Oxfam

Na última segunda-feira, 18, foi lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma proposta da presidência brasileira do G20 para enfrentar crises alimentares e sociais em escala global. Em resposta, a Oxfam Brasil elogiou o potencial da iniciativa, mas fez importantes ressalvas sobre a governança, o financiamento e as abordagens prioritárias.

“A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza pode ser um ponto de inflexão na luta contra a fome e a pobreza extrema. Compartilhar soluções comprovadas, como transferências de dinheiro e refeições escolares, é importante, mas a Aliança precisa ir além, priorizando uma agricultura transformadora, equidade de gênero, direitos à terra e a agricultura em pequena escala. Deve também abordar com urgência os impactos devastadores das mudanças climáticas nos sistemas alimentares do Sul Global e enfrentar a armação da fome. Só ao abraçar essas mudanças estruturais mais profundas poderemos esperar enfrentar as causas raízes da fome e da pobreza de forma eficaz”, afirmou Maitê Gauto, Diretora de Programas, Incidência & Campanhas da Oxfam Brasil.

A Aliança propõe reunir soluções globais para combater a fome e a pobreza, contando com um financiamento inicial de US$ 25 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Contudo, a Oxfam Brasil destacou a necessidade de um aumento significativo nos investimentos públicos, especialmente em agricultura de pequena escala, como fator decisivo para o sucesso da iniciativa.

Segundo Gauto, o modelo de governança apresentado pela Aliança ainda deixa lacunas, especialmente no que diz respeito à participação da sociedade civil. “O sucesso da Aliança depende de ser mais do que uma plataforma para soluções de cima para baixo. Ela precisa de uma governança transparente, enraizada no direito humano à segurança alimentar, com salvaguardas claras contra a influência excessiva do setor privado na tomada de decisões e espaços dedicados para a sociedade civil. No estado atual, a estrutura de governança da Aliança levanta preocupações sobre a capacidade da sociedade civil de se engajar de forma significativa, já que aparentemente não há um assento dedicado para a sociedade civil em órgãos de tomada de decisão importantes, como o Conselho de Campeões”, destacou.

Além disso, a organização defende ações fiscais mais ousadas, como a tributação de grandes fortunas, para garantir recursos financeiros que promovam mudanças estruturais e sustentáveis. “Chegou a hora de os governos darem passos reais, como tributar os super-ricos para arrecadar trilhões de dólares para as pessoas e o planeta”, concluiu Gauto.

A Aliança surge como um marco da liderança brasileira no G20, mas sua eficácia dependerá de como lidará com as críticas e avançará em uma governança inclusiva e compromissos financeiros robustos para garantir segurança alimentar e justiça social.

Fonte e foto: Agência Pauta Social