Inflação na Argentina chega abaixo dos 5% em maio

O Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), da Argentina, anunciou nesta quinta-feira, 13 de junho, que a inflação mensal foi de 4,2% em maio.

Assim, o índice desacelerou 4,6 pontos percentuais em relação a abril, quando se registrou 8,8%.

Este é o quinto mês seguido em que o Indec registra a inflação desacelerando desde o pico de 25,5% em dezembro.

Esse fenômeno se deve, em especial, ao controle dos gastos públicos. Em suma, a gestão de Javier Milei tem gasto menos que arrecada.

Desde janeiro, o governo tem registrado superávits financeiros, que incluem pagamentos de dívidas e juros.

Maio foi excepcional nesse sentido. Nesse mês, o saldo das contas públicas foi de 1,3 trilhões de pesos.

O montante representa mais do que todo o restante acumulado desde janeiro. Os dados são do órgão técnico do Congresso da Argentina para o Orçamento.

Por que as contas do governo foram tão boas em maio?

O superávit financeiro de maio decorre principalmente do crescimento na arrecadação de impostos, revertendo uma tendência de queda que vinha de oito meses.

Essa virada foi puxada pela tributação sobre operações de câmbio, o imposto PAIS.

Também houve aumento importante no imposto sobre renda e lucros, conhecido como ganancias, que registrou as primeiras contribuições de empresas reajustadas pela desvalorização de 50% do peso na cotação oficial.

Como o governo Milei registra superávits?

A forma como o governo mantém esse superávit, entretanto, não é sustentável ao longo prazo.

O principal dos pilares do ajuste econômico de Milei, por aparente ironia, depende da própria inflação e gera desgaste social.

Trata-se dos cortes nos gastos do governo que não são reajustados pela inflação, o maior dos quais é o pagamento das aposentadorias.

Esse fenômeno é chamado de licuadora, “liquidificador” em espanhol, porque a inflação desvaloriza a moeda e, logo, liquida os gastos não reajustados.

Outro pilar do ajuste econômico é o corte de repasses às províncias, o que gera instabilidade política e inviabiliza a agenda de governo no Congresso.

Por Caio Mattos, De Buenos Aires