Só a preparação para a construção levou 14 anos, com a construção em si levando três anos;
As obras foram de 2001 a 2004, com a abertura ao público realizada em dezembro do mesmo ano;
A construção foi realizada pela empresa Eiffage, o engenheiro responsável foi o francês Michel Virlogeux e o arquiteto inglês Norman Foster também esteve no projeto;
A Arcos destaca que é o elo mais importante da autoestrada A75 Clermont-Ferrand-Béziers
O Millau tem 343 metros de altura, 2,46 quilômetros de extensão e, sua pista, 32 metros de largura;
Foram usados em torno de 85 mil m² de concreto, 70 mil toneladas de areia e 80 mil toneladas de cascalho;
A obra toda custou 400 milhões de euros (R$ 2 bilhões, na conversão direta).
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Millau, meio-ambiente e suas especificidades
Apesar de toda sua magnitude, o viaduto Millau é integrado ao meio-ambiente à sua volta. Investiu-se em laser, GPS, concreto de alta resistência e materiais diferenciados.
O aço que está na obra, por exemplo, veio da mesma empresa que construiu a Torre Eiffel, sendo que seu principal material é o concreto B60, que, à época, era o que havia de mais moderno no segmento. Para fazer a mistura do concreto, foi necessária a abertura de uma pedreira de 70 metros de profundidade sobre 22 hectares.
O Millau é constituído por sete pilares, sendo que cada um tem uma altura diferente por se encontrarem em um vale. 30 pessoas foram designadas para a construção dos pilares, que foram construídos ao mesmo tempo. Para acessá-los, os trabalhadores dependiam de elevadores, já que a altura de cada pilar impedia a utilização de andaimes.
Os moldes dos pilares eram constituídos de chapas de metal, onde era inserido o concreto e, então, o desmontavam, até que a altura desejada fosse alcançada. Dessa forma, cada pilar aumentava oito metros por semana. O segundo pilar é considerado o mais alto do mundo e tem 244,96 metros.
Abaixo de cada pilar, há quatro fossos, com profundidade entre 9 m e 18 m e diâmetro de 4 m a 5 m. Eles foram cobertos por molde, com espessura entre 3m e 5 m. Uma bomba ajudou na inserção do concreto.
Apesar de ser impossível o uso de andaimes, foram sete os guindastes utilizados. Um deles, inclusive, chegou aos 270 metros de altura, e asa condições de trabalho dos operadores dos guindastes não eram das mais fáceis.
Eles permaneciam das 6h às 19h no equipamento, mas dispunham de sala de descanso, cozinha e banheiro, pois não desciam do equipamento no período de trabalho.
Dado o tamanho da obra, foram criados dois canteiros de obra, um ao norte e outro ao sul do viaduto. Além disso, as soldas e a montagem das partes não foram realizadas no local para evitar riscos atrelados a trabalhos realizados em lugares altos.
A prancha de 32 m de altura que vai acima dos pilares necessitou de deslocamento especial para ser implementada. Ela foi deslizada aos poucos pelos pilares. 64 deslocadores e linhas temporárias foram usados.
Dessa forma, foram deslocadas 36 mil toneladas de chapas de aço, operação realizada 18 vezes, sendo uma operação dessas realizada a cada quatro semanas. A velocidade de deslocamento era de 9 metros por hora, sendo que cada deslocamento levou 48 horas de trabalho ininterrupto.
A pista encontra-se, em seu ponto mais alto, a 270 metros do solo e, apesar de sua forma ser fina e simples, é capaz de resistir a condições climáticas extremas, corrosão, terremotos e os ventos, que podem alcançar até 225 km/h. Ela foi construída por 150 pessoas durante 20 meses.
Cada haste, que tem a forma de um Y invertido, foi instalada após a conexão das duas partes da pista, durando três meses. Cada uma delas pesa até 700 toneladas e mede 87 metros. A tensão na estrutura, que tem 154 cabos passando por si, está entre 900 toneladas e 1,2 mil toneladas.
O revestimento da pista, consistido em asfalto, foi uma das etapas mais rápidas, levando apenas três dias para ficar pronto. A espessura do asfalto é de 6,7 cm. Foram precisos dez mil toneladas de concreto betuminoso para asfaltar a pista.
Para analisar a resistência e desgaste do viaduto, existem vários instrumentos e sensores, instalados nos pilares, na base de aço, nas hastes e nos cabos de sustentação. Entre os instrumentos, estão anemômetros, acelerômetros, inclinômetros e sensores de temperatura. Eles detectam qualquer movimento do viaduto (partindo de milímetros).
As informações colhidas por cada equipamento é encaminhada, via rede de fibra ótica, a um computador localizado em instalação próxima ao viaduto.
Espera-se que o Millau dure 120 anos.
Rodrigo Mozelli
Imagem: FraVal Imaging/Shutterstock
Olhar Digital