O presidente russo, Vladimir Putin, declarou a possibilidade de utilizar armas nucleares com capacidade de “destruir o mundo” na Ucrânia, durante seu discurso sobre o Estado da Nação em Moscou. Putin afirmou que essa medida seria adotada caso a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) decidisse enviar tropas para combater a Rússia no conflito ucraniano.
A proposta de envio de tropas da Otan foi inicialmente levantada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, membro da aliança militar ocidental. Apesar de países como Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha negarem a existência de planos para enviar soldados à Ucrânia, a ameaça de Macron provocou uma resposta imediata por parte da Rússia.
Ao se dirigir a legisladores e membros da elite russa, Putin argumentou que os líderes ocidentais não compreendem a periculosidade de sua interferência em um conflito que ele considera uma questão de “assuntos internos”.
“(As nações ocidentais) devem perceber que também temos armas que podem atingir alvos no seu território. Tudo isto realmente ameaça um conflito com o uso de armas nucleares e a destruição da civilização. Será que eles não percebem isso?!” disse Putin.
O presidente russo, que concorre à reeleição este ano, disse ainda ter um “arsenal nuclear amplamente modernizado, o maior do mundo”.
“As forças nucleares estratégicas estão num estado de prontidão total”, disse ele, observando que as armas nucleares hipersónicas de nova geração de que falou pela primeira vez em 2018 foram implantadas ou estavam numa fase em que o desenvolvimento e os testes estavam a ser concluídos.
No pronunciamento, considerado um dos mais contundentes de Putin desde o início do conflito há dois anos, o presidente russo mencionou também os desfechos de líderes ocidentais históricos, tais como Adolf Hitler, da Alemanha nazista, e Napoleão Bonaparte, da França, que realizaram invasões na Rússia.
“Mas agora as consequências serão muito mais trágicas”, disse Putin. “Eles acham que (a guerra) é uma caricatura”. O presidente russo disse ainda que os políticos ocidentais esqueceram o que significava uma guerra real porque, segundo ele, não enfrentaram os mesmos desafios de segurança que os russos nas três últimas décadas.
No seu pronunciamento, Vladimir Putin abordou o desempenho das suas tropas nos campos de batalha na Ucrânia, destacando avanços em diversos pontos, embora sem especificar quais. Além disso, anunciou a intenção de reforçar as tropas nas fronteiras ocidentais com a União Europeia após a aprovação da entrada da Suécia na Otan.
Apesar da ameaça nuclear, o líder russo classificou como “absurdas” as recentes acusações do Ocidente, que sugeriam a possibilidade das forças russas se estenderem além da Ucrânia para atacar países europeus.
Putin afirmou que Moscou está aberta a discutir questões de estabilidade estratégica nuclear com os Estados Unidos.
“…Nas vésperas das eleições presidenciais dos EUA, eles simplesmente querem mostrar aos seus cidadãos e a todos os outros que ainda governam o mundo”, afirmou o líder russo.
Com informações de G1